4 Formas de Marcas com o Mesmo Arquétipo Construírem Comunicações Diferentes
No universo do branding estratégico, compreender os arquétipos de marca é essencial para criar conexões emocionais com o público. Eles funcionam como guias simbólicos que ajudam a definir personalidade, tom de voz, estética e comportamento das marcas. Mas é um erro pensar que duas marcas com o mesmo arquétipo precisam se comunicar da mesma forma. Na verdade, o diferencial está em como cada marca interpreta esse arquétipo à sua maneira, considerando seu contexto, público, propósito e estilo de vida que representa.
Um ótimo exemplo é o arquétipo do Explorador, presente tanto na Jeep quanto na Heineken. Ambas carregam os valores de liberdade, descoberta e experiências, mas constroem narrativas muito distintas. A Jeep se posiciona como o convite para escapar da rotina e buscar aventuras na natureza, enquanto a Heineken aposta na exploração de experiências sociais e culturais, com foco na celebração da vida urbana. Esse contraste mostra como uma mesma essência simbólica pode gerar universos de comunicação completamente únicos.
A seguir, confira quatro formas práticas de marcas com o mesmo arquétipo desenvolverem posicionamentos e linguagens próprias, construindo diferenciação e relevância no mercado.

1. Reforce o território da marca com contextos distintos
O primeiro passo para diferenciar marcas com o mesmo arquétipo é definir com clareza o território simbólico que ela ocupa. O arquétipo do Explorador, por exemplo, pode se expressar tanto pela liberdade da estrada quanto pela liberdade da mesa de bar. A Jeep reforça constantemente sua ligação com terrenos desconhecidos, montanhas, trilhas e espaços abertos. Já a Heineken associa o espírito explorador a viagens culturais, festivais, encontros entre amigos e diversidade urbana.
Ambas são exploradoras, mas vivem em mundos diferentes — e isso é o que torna suas comunicações únicas.
📌 Dica prática: identifique qual “mundo” seu arquétipo habita. Marcar esse território com consistência ajuda o público a associar sua marca a situações e emoções específicas.
2. Use o estilo de vida do público como filtro de diferenciação
Embora duas marcas compartilhem o mesmo arquétipo, os públicos que elas atendem podem ter estilos de vida completamente diferentes. A Jeep conversa com pessoas que valorizam aventura física, natureza e superação pessoal. Seu público é mais introspectivo, contemplativo e ligado à jornada solitária. A Heineken, por outro lado, se comunica com pessoas sociáveis, urbanas, cosmopolitas e que exploram o mundo através da convivência, da música e da celebração.
Esses diferentes estilos de vida geram preferências, hábitos e pontos de contato distintos — que precisam ser refletidos na comunicação.
📌 Dica prática: estude os hábitos, sonhos e comportamentos do seu público-alvo. Mesmo com o mesmo arquétipo, o estilo de vida é o que molda a narrativa da marca.
3. Personalize o tom de voz e a linguagem visual
A personalidade da marca também se expressa pelo tom de voz e pela estética visual. A Jeep usa uma linguagem direta, firme e inspiradora, acompanhada de imagens com cores mais sóbrias, texturas de terra, ambientes selvagens e veículos robustos. Já a Heineken aposta em um tom descontraído, moderno e espirituoso, com estética vibrante, ambientações urbanas, diversidade de pessoas e forte presença musical.
Essas escolhas ampliam a percepção do público sobre o que a marca representa, mesmo que o valor central (explorar) esteja presente nas duas.
📌 Dica prática: defina o tom de voz e o estilo visual que melhor representam a personalidade da sua marca, mesmo dentro do arquétipo que compartilha com outras.
4. Construa narrativas autênticas com pilares próprios
Uma marca forte precisa contar histórias únicas, que reforcem seus pilares, crenças e propostas de valor. A Jeep constrói narrativas sobre superação de desafios, espírito aventureiro e reconexão com o mundo natural. Já a Heineken narra histórias de encontros, diversidade, bom humor e experiências compartilhadas em momentos de lazer.
Essas narrativas reforçam o vínculo emocional com o público e ajudam a posicionar a marca com autenticidade dentro do arquétipo, sem parecer genérica ou redundante.
📌 Dica prática: desenvolva storytelling baseado nas emoções que sua marca quer despertar. Use os valores do arquétipo como base, mas dê vida a histórias com sua própria assinatura.
Conclusão
Compartilhar um arquétipo não significa disputar o mesmo espaço. Marcas como Jeep e Heineken provam que é possível partir da mesma essência simbólica e criar universos de comunicação totalmente distintos, que refletem diferentes estilos de vida, momentos de consumo, públicos e culturas.
A chave está em conhecer profundamente o seu arquétipo, mas principalmente em saber como traduzir essa essência de forma singular, alinhada ao propósito, território e estilo da marca. No fim, não basta ter identidade — é preciso expressá-la com personalidade.